Arre! De volta em "Odê" (que é mais ou menos como "Copê", mas é mais pequenina), estou pronto para escrever um pouco sobre muitas atividades intercâmbo-culturais! E também devo dizer que depois de uma viagemzinha pequena, estou com ânimos a mil novamente para um Scandinavian Tour 2007, então estou considerando fazer uma postagem contendo exclusivamente informacões e sugestões para viagens pela escandinávia. Mas primeiro vou investigar os sons esquisitos que estão vindo lá do primeiro andar, e depois vou comecar com os capítulos de hoje.
Capítulo XXVI: Este Aqui É o Título. (a.k.a. Baião-de-Festa-Entre-Dois)
Ahem-hem. Bem, desde a última vez que eu escrevi, tudo que eu fiz, basicamente, teve uma ou outra coisa a ver com o AFS, e portanto, com todo o sentimento de internacionalidade e de diversidade cultural. Neste caso em específico, estes sentimentos deveriam ser expressos de maneira um tanto agradável, mas porém, trabalhosa: como comida. Tendo se passado quase uma semana desde que os mini-intercâmbistas da Jutlândia vieram para as tantas de Fyn (o que me pegou meio de surpresa, porque eu nem fiquei sabendo quando é que eles chegaram), estava quase na hora de eles voltarem para casa, e assim, decidiu-se fazer um super-almocão para tanto os intercâmbistas daqui, quanto os de lá que estavam aqui. Mas como nenhum voluntário do AFS se voluntariou para fazer comida para ao redor de 100 pessoas, entre intercambistas e suas famílias, esta tarefa foi picada, dividida e entregue para os lacaios de ordem mais baixa do AFS. Ou seja, eu (e os outros intercâmbistas, mas enfim).
Debaixo da fachada de explorar comida de todos os cantos do globo, fomos assim forcados a fazer comidas típicas de nossas terras natais, e tomando isso bem a fundo, resolvi fazer uma comida que de tão típica, alguns brasileiros nem sequer conheciam, o clássico nordestino, a maravilhosa combinacão de arroz, feijão e queijo: o simples, porém efetivo, Baião-de-Dois. Algo que se provou por demais simples, depois que já tinhamos os ingredientes mais exóticos (ou seja, o feijão verde) em mãos. O que foi ótimo, pois, a pedidos do Ole, eu deveria fazer a comida duas vezes: uma vez em casa, para testar, e mais outra para quando fossemos para o super-almocão do AFS. Pois bem, eu faco o prato numa boa para a família, e dá tudo certo. Meu único erro (pois toda vez que eu cozinho, eu tenho que falhar pelo menos um pouco), foi esquecer a pimenta de cheiro na hora de fazer o arroz, o que significou que ele não ficou tão saboroso quanto devia, mas ainda sim, um tanto quanto agradável de se comer.
O que não foi bem um erro, mas mudou tudo na equacão, foi a quantidade. O Ole, ponderando que 1 kg de arroz normalmente satisfaz a família quando servido à ela, sugeriu que seria aconselhável para o nosso prato a mesma quantia. O que nos rendeu 1 kg de arroz, ½ de feijão, e mais bem 2/5 de queijo, o que somado nos rende bem uma beca de comida. Mas deu tudo certo, já que isso apenas significou que eu não tive que fazer a belezura de novo: tinhamos mais que o suficiente para o dia seguinte, e já que, mesmo se fizemos o prato desde o comeco no dia, seria impossível levar ele ainda quente para onde o comeríamos, não fazia diferenca levar o de um dia antes.
Devo confessar que menti. Não foi só festanca de intercâmbio que rolou por aqui desde a última postagem. Houve também a festa de uma mocoila de minha sala, para qual eu fui logo após nosso jantar à brasileira em casa. Não estava em meus planos comentar sobre esta festa, até eu me lembrar de um detalhe dela, afinal, ela foi em sua maioria, apenas uma festa com o pessoal da sala, que em geral não incluem tanta azaracão e pegacão (mas naturalmente incluem bebida em excesso), ou seja, divertida, mas não digna de nota neste já exageradamente cheio blog. Mas, como disse antes, há um detalhe digno de nota nessa festa. Um detalhe que eu gosto de chamar de "Dj-comedissimo-comedjassa". Eis que, quando levamos a festa para um bar bombacionante na cidade, encontramos, mixando as músicas ao vivo, este Dj. Vou comecar dando nota à selecão musical dele, que enquanto, naturalmente, absurdamente concentrada em tecno, era infinitamente superior à uma selecão de tecno-merda dos escandinávos. Era tecno nos sabores de Michael Jackson, Wild Cherry e outras músicas decentes sortidas.
Mas isso, por conta própria, não me faria escrever a respeito dele aqui. O que realmente nos chama atencão quanto à ele, é que ele era dos tipos mais extremos de festeiro ininterrupto bombacionante (e bebão). Estamos falando de um comédia que estava constantemente dancando e mixando exageradamente as músicas de maneira absurdamente cômica, e quando não o estava fazendo, estava se jogando no bar, tirando sua camisa no melhor pseudo-strip-tease que eu já presenciei e pseudo-azarando todas as minas no bar. Aliás, no meio dessa azaracão dele, ele colocou olhos em nossa mesa, onde eu me sentava com mais 6 loirinhas de primeira classe, o que significa que não demorou para ele aparecer lá e azarar um pouco com elas. Como estavamos todos de bom-humor e, já que pouco nos importavamos com azaracões que não levam à lugar nenhum, conversamos um pouco com o cara, com a maioria das minas rejeitando-o de maneira bem gentil e amigável. O que foi muito lucrativo: muito feliz com nossa gentileza, o nosso caro mixador resolve pagar, para todos em nossa mesa, incluindo eu, um drink, que eu imagino ser bastante caro, pois se tratava de algo à base de champanhe e "líquido-vermelho-não-indentificado" (sangue, talvez?). Como gentileza se paga com mais gentileza, nos juntamos ao tremzinho que ele puxou na pista de danca, o que muito o agradou, porque ele queria porque queria fazer um tremzinho.
Bem, no dia seguinte, acordei cedo apesar de toda a bombanca da noite anterior, pois ainda me aguardava uma tarefa antes de irmos para o almocão AFS: preparar uma apresentacão para depois do almocão. No caso, por falta de uma idéia melhor de minha parte, fui fazer uma mágica junto com o Lukas, na qual eu enfiava uns espetos na cabeca dele. O truque era absurdamente simples, mas minimamente convincente e um bom entreterimento de qualquer modo, que é só o que importava. Então, após um pouco de ensaio, com o truque prontinho, lascamos fora e vamos para o almocão. Lá, só a boua e velha felicidade AFS de tentar falar várias línguas que você não sabe, de falar mal de outras nacionalidades com pessoas com quem você partilha a mesma língua, de receber notícias de companheiros(as) que você não vê a meses, etc. Além, é claro, de comer um monte de comida internacional*, da qual se ignora a qualidade duvidosa, e de apresentar um truque de mágica besta, mas engracado, que definitivamente é melhor que simplesmente subir no palco e fingir saber dancar samba.
*
Capítulo XXVII: Mini-Intercâmbio
Parte 1: A Ida
Dois dias após o almocão AFS, estava eu na estacão de Odense, com uma pequena mala de mão e uma mochila com tranqueiras nas costas, pronto para ir explorar as áreas inóspitas e distantes da Jutlândia, um tanto satisfeito com a perspectiva de não ir para nenhum tipo de aula por uma semana, com as gracas do AFS. Comigo, uma pequena tropa de intercambistas que ou voltavam para suas famílias hospedeiras originais, ou, como eu, se preparavam psicologicamente para encontrar uma nova. Depois de breves despedidas, entramos todos no trem que rumava para Herning, uma cidade "semi-não-tão-pequena" que seria a casa de vários de nós. Minha expectativa, contudo, residia em Struer, que seria a cidade pequerrucha onde passaria minha semana.
Como regra, quando bandos extensos de jovens, em especial brasileiros (sul-americanos no geral, a bem da verdade), se juntam em meios de transporte confortáveis onde eles passarão um quantidade considerável de tempo, é apenas natural que eles se juntem no mínimo de cadeiras possíveis, se jogando uns em cima dos outros de maneira a fazer com que, por mais que todos estejam um tanto espremidos um nos outros, todos estejam absurdamente confortáveis. Naturalmente, seguimos a regra, em especial porque neste trem, a maior parte dos meus queridos colegas intercâmbistas são, na verdade, minhas queridas colegas intercâmbistas. E assim, todos esparramados, dividindo chocolates e chips, conversando longamente sobre isto e aquilo, e aquilo e isto, e sobre festivais de música bombantes que acontecem logo após finais de intercâmbio e sobre montes de viagens coletivas capengas, fomos indo até Herning, com a bencão do cara que checava os bilhetes, que sendo um tanto gente fina, não xaropou em nenhum momento de nossa leve alopragem.
Bueno, chegando em Herning, me vem uma surpresa que não me surpreendeu, por ser uma parte integrante do funcionamento do AFS: eu não iria mais para uma família em Struer, como havia sido planejado. Apenas uma hora atrás, quando eu já estava no trem a caminho de Herning, o plano foi mudado e uma nova família, arrumada às pressas, por algum motivo que, naturalmente eu desconheco. Pessoalmente, creio que nem mesmo os voluntários do AFS conhecam o motivo da mudanca, e possivelmente, ela o foi feita por, digamos, "diversão". Mas enfim, não teve o menor problema, pois a família nova, que morava na igualmente pequerruchinha cidade de Ikast, era um tanto gente boa. Conhecendo a mãe e a irmã na estacão, descubro rapidamente que esta última foi intercâmbista também, justamente no, quem diria, Brasil! E não demora muito mais conversa para me revelarem que a família, já experientes receptores de intercâmbistas, iniciou suas experiências interculturais com, ora pois, um brasileiro! E depois de mais meia conversa, quem diria, se revela que todos tinham passado uma semana de férias no Brasil!
Em suma: estava aqui com uma família com quem não me faltaria assunto. E de fato, não faltou. Durante todo o caminho estacão-casa, e uma vez em casa com toda a família, durante todo o resto de noite, só se falou de Brasil e Dinamarca, Dinamarca e Brasil, dinamarqueses brasileiros e brasileiros dinamarqueses, mencionando-se brevemente outros intercâmbios com países sortidos para dar uma leve temperada a mais na conversa. Pois sim, uma longa longa convesa, regada por nada mais nada menos que Guaraná Antartica, sim, o original do Brasil, que habitava constantemente a casa, pois o irmão se apaixonou pela bebida durante suas férias no Brasil, e não vivia mais sem o negócio.
Parte 2: Os passeios
Bem, como eu disse, eu não fui em nenhum momento para a escola nessa minha semana de Jutlândia. Ao invés disso, tomando ao peito a idéia de ter o mundo como seu professor, o AFS preparou para nós vários passeios turísticos pela Jutlândia, e assim, tivemos a oportunidade de ver museus e locais diversos, que em geral não criavam um interesse enorme nos intercâmbistas, mas que por falta de coisa melhor davam pro gasto. Facamos então uma lista simpática de locais visitados com curtississimos comentários acerca de cada um, para poupar tempo e espaco, mesmo porque eu já não aguento escrever mais. Alguns (vários) locais tem nomes inventados, porque eu não lembro o nome certo.
- Vest Havet: Tal qual uma praia brasileira qualquer, com apenas uma pequena diferenca no clima (tava frio pra cacimbolas).
- Lystårne: Um simples farol que estava fechado, mas que devia estar aberto.
- Fugles Hus: Uma casa no meio do nada com várias imagens de pássaros sortidos, e alguns textos explicativos.
- Sømands Museum: Um museu de segunda classe sobre pescadores. Tinha uns aquários interessantes e umas estátuas e animais empalhados engracados.
- Enia*: Uma escultura beeeem gradona e totalmente despropositada, o que me agradou, pois não há nada mais legal que coisas grandes sem propósito.
- Herning Skulptur Museum: Um museu com uma grande selecão de esculturas pós-modernistas, tanto do lado de fora quanto de dentro.
- Herning Center: Um dos menores shoppings que eu já vi. Tão grande quanto o fabuloso Península Shopping.
- Herning Fotomuseum: Tava fechado.
- Igrejinha Aleatória: Ela era um tanto antiga.
Consideremos que sempre que não estavamos em um tour, ou nos deparavamos com um lugar fechado, substituiamos o programa por assistir um ou outro filme ruim na casa de alguém.
*
E também teve neve! Bastante neve!
Parte 3: Perdido em Jutlândia
Okei, depois de quase uma semana de muita "acão" jutlândica, logo mais estaria voltando para minha casa em Odense, tal qual os outros intercâmbistas. E naturalmente, isso significa que teríamos mais uma grande refeicão AFS'istica pré-viagem. A maioria dos intercâmbistas, de fato, teve sua grande refeicão AFS. Eu não. Acontece que, como de costume, esse jantar AFS aconteceu numa casa que, invariavelmente, estava nos cantos mais escuros e obscuros da Dinamarca, numa pequena estrada que ficava entre nada e porcaria nenhuma. O que significa que não era exatamente fácil achar o dito local. Aliás, muito pelo contrário, ele era especialmente difícil de achar, tanto que esta tarefa se provou impossível tanto para mim quanto para minha "mãe" jutlândica. Assim, como resultado, ao invés de ir para mais um alegre evento intercambial, eu tive a oportunidade de rodar por duas horas todas as míseras e minúsculas ruelas que poderiam possívelmente nos levar para a mais mísera e minúscula de todas (tenho certeza que a rua que estávamos procurando era especialmente pequena), sem, contudo, obter o menor sucesso.
Assim, já cansados de tanto roda roda inútil, voltamos para casa e comemos o jantar "brasileiro" que fizemos sozinhos, conversando sobre a imbecilidade do tal lugar que era impossível de achar e outras coisas assim.
No dia seguinte, já bem cedinho da manhã, me despeco da família e, com minha pequena mala nas costas, me dirijo para a estacão de Herning, onde eu encontraria os outros intercambas, e onde depois de mais algumas despedidas bastante bonitas, daquele tipo que faz toda uma platéia de programa de auditório dizer "Aawww...", nos colocamos no trem, onde iríamos viajar e conversar extensamente sobre nossa pequena semana e sobre dinamarqueses pelas próximas duas horas.
Capítulo XXVIII: Uma "Rápida" Nota Sobre Beberronagem Excessiva De Minha Parte.
Bem, esse capítulo na verdade é o único recente nessa postagem toda. Todos os outros me levaram alguns dias para escrever, e portanto ficaram desatualizados, o que não importa muito de verdade, na maioria das vezes. Para este capítulo, contudo, é importante tomar nota que ele aconteceu tão somente ontem porque assim eu posso dizer que estou não só com memória fresca dele, mas também ainda carregando a estranha consciência que ele me provém. Naturalmente, isso deve estar soando meio esquisito, mas em breve vai fazer sentido.
O que se passa é que ontem um dos intercambistas rotarianos da minha escola combinou um grande "passeio turístico" para os novos intercâmbistas, ou seja, os rotarianos da Austrália, que haviam chegado mal três dias antes na Dinamarca, e ainda eram pequenos brotinhos que mal sabiam o que fazer de suas vidas aqui. Notem que "passeio turístico" está entre aspas porque, bem, não era um passeio turístico porra nenhuma, como vocês podem imaginar. Muito pelo contrário, era uma reunião para a bebedeira tresloucada, ilimitada e desenfreada. Comecamos devagar, num bar onde, além de nos entupirmos com uma quantidade bestial de batatas fritas e nuggets e molho de pimenta (que possuia um preco muito maior do que a quantidade de comida provida), tivemos a oportunidade de comprar uma cerveja que, tendo o preco que tinha, havia de ser ouro derretido para valer a pena, que eu comprei antes de perceber que o preco dela equivalia ao preco de meus rins no mercado negro. Aí comecou meu sentimento esquisito de culpa exagerada. Me sentia mal por ter gastado tanto dinheiro numa cerveja tão absurdamente cara, o que era totalmente infundado, já que qualquer coisa que eu comprasse lá seguia a mesma regra.
Bem, depois do restaurante, passamos num supermercado para comprar muita bebida a precos mais decentes. Comprei um pouquinho mais de cerveja pra mim, mas ainda estava me sentindo absurdamente culpado por estar gastando dinheiro de novo depois de tanto desperdicio despropositado. Mas mesmo assim, comprei, e logo mais estavamos a caminho da casa do tal rotariano, de ônibus, o que significa que eu tive que deixar minha bicicleta lá nas tantas do centro sozinha e trancada. Só para todos conseguirem uma imagem melhor da situacão, éramos bem uns 20 intercâmbistas, quase todos de um país de língua inglesa, virtualmente todos rotarianos (com a minha excecão, é claro), e todos falantes de inglês fluente (mesmo os que como eu vinham da américa latina). Além disso, havia um dinamarquês que tinha sido intercâmbista no ano anterior.
Bem, seguindo com a história, naturalmente, nas tantas da casa do rotariano, colocamos toda aquela caralhada de bebida que todos compramos para funcionar. Minhas duas modestas cervejinhas foram embora rapidamente e sem fazer efeito demais, mas em presenca de tanta bebida em excesso, infelizmente não faltou gente precisando de uma mãozinha com suas bebidas, o que significou que eu fui muito muito além da pouca bebida que eu comprei. O que significa que logo mais eu estava o mais bêbado que já tive o "privilégio" de ficar, e isso não era tão pouco. Ainda longe de vomitar em baldes, mas já bem além do ponto onde eu comecava a falar merda em excesso. Agora, o problema com isso é que eu percebi que eu estava muito bêbado, e eu comecei a me sentir, junto com todas as minhas culpas prévias, ainda mais culpado por estar bêbado. Minha ira com minha própria beberronagem só me rendeu mais conversa de bêbado, o que me deixava ainda mais puto comigo mesmo, e me fazia ter uns ataques, que eu só posso imaginar e torcer que fossem cômicos, onde eu procurava desesperadamente e freneticamente achar minha sobriedade novamente. O meu invariável fracasso nessa tarefa só me deixava mais frustrado, mais culpado, e mais desesperado.
Notem que isso tudo foi relativamente cedo da noite, tendo que eu estava com meus ataques de desespero e culpa se encontravam já às 11 e meia da noite, o que pelo menos para mim parecia ser demasiadamente cedo, e ainda parece. E ainda sendo tão cedo da noite, com nossa bebida na casa acabando, os outros decidiram ir para uma boate e festar o resto da noite. Eu, contudo, nos meus ataques de culpa, não aguentava a idéia de ir pra uma boate: eu iria gastar mais dinheiro, talvez ficar mais bêbado e fazer todas as outras coisas que me fariam ficar cheio de culpa. O que não ajudou foi eu ter minha bicicleta largada nas tantas do centro: a casa do rotariano era perto o suficiente da minha para eu voltar andando, mas isso significaria que minha bicicleta ficaria largada no centro toda a noite, e isso na minha lógica bêbada significava que ela definitivamente seria roubada. Mesmo assim, meu medo de acabar indo para mais bebedeira e gasto de dinheiro, além de minha falta de vontade de pagar o ônibus (eu não estou brincando quando digo que estava me sentindo culpado em gastar dinheiro) me fizeram voltar de casa a pé, mesmo quando eu nem mesmo sabia o caminho até lá (bom, eu acabei achando, então deu certo. Meu censo de direcão como bebum até que é bastante confiável).
Como ainda era bastante cedo, chegando em casa eu descubro tanto o Frederick quanto o Ole acordados vendo tv. Batalhando duramente para esconder o fato de que eu estava bastante bêbado, possivelmente mas não garantidamente com sucesso (ainda vou descobrir se eles notaram), eu comprimento-os. Como não podia deixar de ser, o Ole comeca a me perguntar o que eu tinha feito, e evitando as partes onde eu bebia demais, eu contei a ele sobre minha bicicleta esquecida no centro, e sugeri meu plano de ir buscar ela, a pé, na mesma noite, que só pode ter soado meio bêbado pra ele, apesar de ser perfeitamente realizável. Em contrapartida a esse plano, ele sugere que nós fossemos ao centro com o carro e buscassemos a bicicleta assim. Reconhecendo o plano dele como melhor, o realizamos, conversando bastante na ida e na volta, o que me deixa incerto quanto a se ele sabia ou não que eu estava bêbado, pois foi uma conversa um tanto não-bêbada. Mas enfim, com tudo certo e ajeitado, vou-me finalmente pra cama, ainda absurdamente corroido por culpa e mais culpa.
E no dia seguinte, quem diria! Me sinto meio culpado de não ter ido festar! Uma das ironias mais imbecis e absurdas com qual já me deparei, além de completamente desprovida de sentido. E foi por isso que eu resolvi contar me saga de culpa bêbada no blog, mesmo não sendo o lugar mais esperto para fazê-lo, já que talvez faca mais sentido esconder de seus pais suas aventuras de beberronagem que contar tudo para eles com um nível de detalhamento bastante considerável. Espero que, ao ser um pouco sacaneado e ridicularizado pela história toda, possa superar minha culpa inexplicada. Além do que, sei que tem pelo menos um leitor que sempre reclamou que era o único que não tinha o privilégio de me ver bêbado, então imaginei que pelo menos um extenso conto do caso ele merecia, pra poder se satisfazer um pouco imaginando toda a situacão.
Bem, finalmente acabei. Mais postagens em breve. Possivelmente drasticamente mais curtas, porque eu ando escrevendo demais nessa porcaria de blog. Muito amor para todos!