Tuesday, January 23, 2007

"Update": Eu alterei os links desse blog, então agora tem várias coisas que os caros leitores podem explorar alegremente aqui ao lado dos posts. Tenho certeza que me esqueci de vários sítios importantes que eu poderia linkar, mas esses eu ponho depois. Por enquanto, tem muita arte aleatória e histórias engracadas a se ver.

Arre! De volta em "Odê" (que é mais ou menos como "Copê", mas é mais pequenina), estou pronto para escrever um pouco sobre muitas atividades intercâmbo-culturais! E também devo dizer que depois de uma viagemzinha pequena, estou com ânimos a mil novamente para um Scandinavian Tour 2007, então estou considerando fazer uma postagem contendo exclusivamente informacões e sugestões para viagens pela escandinávia. Mas primeiro vou investigar os sons esquisitos que estão vindo lá do primeiro andar, e depois vou comecar com os capítulos de hoje.

Capítulo XXVI: Este Aqui É o Título. (a.k.a. Baião-de-Festa-Entre-Dois)

Ahem-hem. Bem, desde a última vez que eu escrevi, tudo que eu fiz, basicamente, teve uma ou outra coisa a ver com o AFS, e portanto, com todo o sentimento de internacionalidade e de diversidade cultural. Neste caso em específico, estes sentimentos deveriam ser expressos de maneira um tanto agradável, mas porém, trabalhosa: como comida. Tendo se passado quase uma semana desde que os mini-intercâmbistas da Jutlândia vieram para as tantas de Fyn (o que me pegou meio de surpresa, porque eu nem fiquei sabendo quando é que eles chegaram), estava quase na hora de eles voltarem para casa, e assim, decidiu-se fazer um super-almocão para tanto os intercâmbistas daqui, quanto os de lá que estavam aqui. Mas como nenhum voluntário do AFS se voluntariou para fazer comida para ao redor de 100 pessoas, entre intercambistas e suas famílias, esta tarefa foi picada, dividida e entregue para os lacaios de ordem mais baixa do AFS. Ou seja, eu (e os outros intercâmbistas, mas enfim).

Debaixo da fachada de explorar comida de todos os cantos do globo, fomos assim forcados a fazer comidas típicas de nossas terras natais, e tomando isso bem a fundo, resolvi fazer uma comida que de tão típica, alguns brasileiros nem sequer conheciam, o clássico nordestino, a maravilhosa combinacão de arroz, feijão e queijo: o simples, porém efetivo, Baião-de-Dois. Algo que se provou por demais simples, depois que já tinhamos os ingredientes mais exóticos (ou seja, o feijão verde) em mãos. O que foi ótimo, pois, a pedidos do Ole, eu deveria fazer a comida duas vezes: uma vez em casa, para testar, e mais outra para quando fossemos para o super-almocão do AFS. Pois bem, eu faco o prato numa boa para a família, e dá tudo certo. Meu único erro (pois toda vez que eu cozinho, eu tenho que falhar pelo menos um pouco), foi esquecer a pimenta de cheiro na hora de fazer o arroz, o que significou que ele não ficou tão saboroso quanto devia, mas ainda sim, um tanto quanto agradável de se comer.

O que não foi bem um erro, mas mudou tudo na equacão, foi a quantidade. O Ole, ponderando que 1 kg de arroz normalmente satisfaz a família quando servido à ela, sugeriu que seria aconselhável para o nosso prato a mesma quantia. O que nos rendeu 1 kg de arroz, ½ de feijão, e mais bem 2/5 de queijo, o que somado nos rende bem uma beca de comida. Mas deu tudo certo, já que isso apenas significou que eu não tive que fazer a belezura de novo: tinhamos mais que o suficiente para o dia seguinte, e já que, mesmo se fizemos o prato desde o comeco no dia, seria impossível levar ele ainda quente para onde o comeríamos, não fazia diferenca levar o de um dia antes.

Devo confessar que menti. Não foi só festanca de intercâmbio que rolou por aqui desde a última postagem. Houve também a festa de uma mocoila de minha sala, para qual eu fui logo após nosso jantar à brasileira em casa. Não estava em meus planos comentar sobre esta festa, até eu me lembrar de um detalhe dela, afinal, ela foi em sua maioria, apenas uma festa com o pessoal da sala, que em geral não incluem tanta azaracão e pegacão (mas naturalmente incluem bebida em excesso), ou seja, divertida, mas não digna de nota neste já exageradamente cheio blog. Mas, como disse antes, há um detalhe digno de nota nessa festa. Um detalhe que eu gosto de chamar de "Dj-comedissimo-comedjassa". Eis que, quando levamos a festa para um bar bombacionante na cidade, encontramos, mixando as músicas ao vivo, este Dj. Vou comecar dando nota à selecão musical dele, que enquanto, naturalmente, absurdamente concentrada em tecno, era infinitamente superior à uma selecão de tecno-merda dos escandinávos. Era tecno nos sabores de Michael Jackson, Wild Cherry e outras músicas decentes sortidas.

Mas isso, por conta própria, não me faria escrever a respeito dele aqui. O que realmente nos chama atencão quanto à ele, é que ele era dos tipos mais extremos de festeiro ininterrupto bombacionante (e bebão). Estamos falando de um comédia que estava constantemente dancando e mixando exageradamente as músicas de maneira absurdamente cômica, e quando não o estava fazendo, estava se jogando no bar, tirando sua camisa no melhor pseudo-strip-tease que eu já presenciei e pseudo-azarando todas as minas no bar. Aliás, no meio dessa azaracão dele, ele colocou olhos em nossa mesa, onde eu me sentava com mais 6 loirinhas de primeira classe, o que significa que não demorou para ele aparecer lá e azarar um pouco com elas. Como estavamos todos de bom-humor e, já que pouco nos importavamos com azaracões que não levam à lugar nenhum, conversamos um pouco com o cara, com a maioria das minas rejeitando-o de maneira bem gentil e amigável. O que foi muito lucrativo: muito feliz com nossa gentileza, o nosso caro mixador resolve pagar, para todos em nossa mesa, incluindo eu, um drink, que eu imagino ser bastante caro, pois se tratava de algo à base de champanhe e "líquido-vermelho-não-indentificado" (sangue, talvez?). Como gentileza se paga com mais gentileza, nos juntamos ao tremzinho que ele puxou na pista de danca, o que muito o agradou, porque ele queria porque queria fazer um tremzinho.

Bem, no dia seguinte, acordei cedo apesar de toda a bombanca da noite anterior, pois ainda me aguardava uma tarefa antes de irmos para o almocão AFS: preparar uma apresentacão para depois do almocão. No caso, por falta de uma idéia melhor de minha parte, fui fazer uma mágica junto com o Lukas, na qual eu enfiava uns espetos na cabeca dele. O truque era absurdamente simples, mas minimamente convincente e um bom entreterimento de qualquer modo, que é só o que importava. Então, após um pouco de ensaio, com o truque prontinho, lascamos fora e vamos para o almocão. Lá, só a boua e velha felicidade AFS de tentar falar várias línguas que você não sabe, de falar mal de outras nacionalidades com pessoas com quem você partilha a mesma língua, de receber notícias de companheiros(as) que você não vê a meses, etc. Além, é claro, de comer um monte de comida internacional*, da qual se ignora a qualidade duvidosa, e de apresentar um truque de mágica besta, mas engracado, que definitivamente é melhor que simplesmente subir no palco e fingir saber dancar samba.


*

Capítulo XXVII: Mini-Intercâmbio

Parte 1: A Ida

Dois dias após o almocão AFS, estava eu na estacão de Odense, com uma pequena mala de mão e uma mochila com tranqueiras nas costas, pronto para ir explorar as áreas inóspitas e distantes da Jutlândia, um tanto satisfeito com a perspectiva de não ir para nenhum tipo de aula por uma semana, com as gracas do AFS. Comigo, uma pequena tropa de intercambistas que ou voltavam para suas famílias hospedeiras originais, ou, como eu, se preparavam psicologicamente para encontrar uma nova. Depois de breves despedidas, entramos todos no trem que rumava para Herning, uma cidade "semi-não-tão-pequena" que seria a casa de vários de nós. Minha expectativa, contudo, residia em Struer, que seria a cidade pequerrucha onde passaria minha semana.

Como regra, quando bandos extensos de jovens, em especial brasileiros (sul-americanos no geral, a bem da verdade), se juntam em meios de transporte confortáveis onde eles passarão um quantidade considerável de tempo, é apenas natural que eles se juntem no mínimo de cadeiras possíveis, se jogando uns em cima dos outros de maneira a fazer com que, por mais que todos estejam um tanto espremidos um nos outros, todos estejam absurdamente confortáveis. Naturalmente, seguimos a regra, em especial porque neste trem, a maior parte dos meus queridos colegas intercâmbistas são, na verdade, minhas queridas colegas intercâmbistas. E assim, todos esparramados, dividindo chocolates e chips, conversando longamente sobre isto e aquilo, e aquilo e isto, e sobre festivais de música bombantes que acontecem logo após finais de intercâmbio e sobre montes de viagens coletivas capengas, fomos indo até Herning, com a bencão do cara que checava os bilhetes, que sendo um tanto gente fina, não xaropou em nenhum momento de nossa leve alopragem.

Bueno, chegando em Herning, me vem uma surpresa que não me surpreendeu, por ser uma parte integrante do funcionamento do AFS: eu não iria mais para uma família em Struer, como havia sido planejado. Apenas uma hora atrás, quando eu já estava no trem a caminho de Herning, o plano foi mudado e uma nova família, arrumada às pressas, por algum motivo que, naturalmente eu desconheco. Pessoalmente, creio que nem mesmo os voluntários do AFS conhecam o motivo da mudanca, e possivelmente, ela o foi feita por, digamos, "diversão". Mas enfim, não teve o menor problema, pois a família nova, que morava na igualmente pequerruchinha cidade de Ikast, era um tanto gente boa. Conhecendo a mãe e a irmã na estacão, descubro rapidamente que esta última foi intercâmbista também, justamente no, quem diria, Brasil! E não demora muito mais conversa para me revelarem que a família, já experientes receptores de intercâmbistas, iniciou suas experiências interculturais com, ora pois, um brasileiro! E depois de mais meia conversa, quem diria, se revela que todos tinham passado uma semana de férias no Brasil!

Em suma: estava aqui com uma família com quem não me faltaria assunto. E de fato, não faltou. Durante todo o caminho estacão-casa, e uma vez em casa com toda a família, durante todo o resto de noite, só se falou de Brasil e Dinamarca, Dinamarca e Brasil, dinamarqueses brasileiros e brasileiros dinamarqueses, mencionando-se brevemente outros intercâmbios com países sortidos para dar uma leve temperada a mais na conversa. Pois sim, uma longa longa convesa, regada por nada mais nada menos que Guaraná Antartica, sim, o original do Brasil, que habitava constantemente a casa, pois o irmão se apaixonou pela bebida durante suas férias no Brasil, e não vivia mais sem o negócio.

Parte 2: Os passeios

Bem, como eu disse, eu não fui em nenhum momento para a escola nessa minha semana de Jutlândia. Ao invés disso, tomando ao peito a idéia de ter o mundo como seu professor, o AFS preparou para nós vários passeios turísticos pela Jutlândia, e assim, tivemos a oportunidade de ver museus e locais diversos, que em geral não criavam um interesse enorme nos intercâmbistas, mas que por falta de coisa melhor davam pro gasto. Facamos então uma lista simpática de locais visitados com curtississimos comentários acerca de cada um, para poupar tempo e espaco, mesmo porque eu já não aguento escrever mais. Alguns (vários) locais tem nomes inventados, porque eu não lembro o nome certo.

  • Vest Havet: Tal qual uma praia brasileira qualquer, com apenas uma pequena diferenca no clima (tava frio pra cacimbolas).
  • Lystårne: Um simples farol que estava fechado, mas que devia estar aberto.
  • Fugles Hus: Uma casa no meio do nada com várias imagens de pássaros sortidos, e alguns textos explicativos.
  • Sømands Museum: Um museu de segunda classe sobre pescadores. Tinha uns aquários interessantes e umas estátuas e animais empalhados engracados.
  • Enia*: Uma escultura beeeem gradona e totalmente despropositada, o que me agradou, pois não há nada mais legal que coisas grandes sem propósito.
  • Herning Skulptur Museum: Um museu com uma grande selecão de esculturas pós-modernistas, tanto do lado de fora quanto de dentro.
  • Herning Center: Um dos menores shoppings que eu já vi. Tão grande quanto o fabuloso Península Shopping.
  • Herning Fotomuseum: Tava fechado.
  • Igrejinha Aleatória: Ela era um tanto antiga.

Consideremos que sempre que não estavamos em um tour, ou nos deparavamos com um lugar fechado, substituiamos o programa por assistir um ou outro filme ruim na casa de alguém.

*

E também teve neve! Bastante neve!

Parte 3: Perdido em Jutlândia

Okei, depois de quase uma semana de muita "acão" jutlândica, logo mais estaria voltando para minha casa em Odense, tal qual os outros intercâmbistas. E naturalmente, isso significa que teríamos mais uma grande refeicão AFS'istica pré-viagem. A maioria dos intercâmbistas, de fato, teve sua grande refeicão AFS. Eu não. Acontece que, como de costume, esse jantar AFS aconteceu numa casa que, invariavelmente, estava nos cantos mais escuros e obscuros da Dinamarca, numa pequena estrada que ficava entre nada e porcaria nenhuma. O que significa que não era exatamente fácil achar o dito local. Aliás, muito pelo contrário, ele era especialmente difícil de achar, tanto que esta tarefa se provou impossível tanto para mim quanto para minha "mãe" jutlândica. Assim, como resultado, ao invés de ir para mais um alegre evento intercambial, eu tive a oportunidade de rodar por duas horas todas as míseras e minúsculas ruelas que poderiam possívelmente nos levar para a mais mísera e minúscula de todas (tenho certeza que a rua que estávamos procurando era especialmente pequena), sem, contudo, obter o menor sucesso.

Assim, já cansados de tanto roda roda inútil, voltamos para casa e comemos o jantar "brasileiro" que fizemos sozinhos, conversando sobre a imbecilidade do tal lugar que era impossível de achar e outras coisas assim.

No dia seguinte, já bem cedinho da manhã, me despeco da família e, com minha pequena mala nas costas, me dirijo para a estacão de Herning, onde eu encontraria os outros intercambas, e onde depois de mais algumas despedidas bastante bonitas, daquele tipo que faz toda uma platéia de programa de auditório dizer "Aawww...", nos colocamos no trem, onde iríamos viajar e conversar extensamente sobre nossa pequena semana e sobre dinamarqueses pelas próximas duas horas.

Capítulo XXVIII: Uma "Rápida" Nota Sobre Beberronagem Excessiva De Minha Parte.

Bem, esse capítulo na verdade é o único recente nessa postagem toda. Todos os outros me levaram alguns dias para escrever, e portanto ficaram desatualizados, o que não importa muito de verdade, na maioria das vezes. Para este capítulo, contudo, é importante tomar nota que ele aconteceu tão somente ontem porque assim eu posso dizer que estou não só com memória fresca dele, mas também ainda carregando a estranha consciência que ele me provém. Naturalmente, isso deve estar soando meio esquisito, mas em breve vai fazer sentido.

O que se passa é que ontem um dos intercambistas rotarianos da minha escola combinou um grande "passeio turístico" para os novos intercâmbistas, ou seja, os rotarianos da Austrália, que haviam chegado mal três dias antes na Dinamarca, e ainda eram pequenos brotinhos que mal sabiam o que fazer de suas vidas aqui. Notem que "passeio turístico" está entre aspas porque, bem, não era um passeio turístico porra nenhuma, como vocês podem imaginar. Muito pelo contrário, era uma reunião para a bebedeira tresloucada, ilimitada e desenfreada. Comecamos devagar, num bar onde, além de nos entupirmos com uma quantidade bestial de batatas fritas e nuggets e molho de pimenta (que possuia um preco muito maior do que a quantidade de comida provida), tivemos a oportunidade de comprar uma cerveja que, tendo o preco que tinha, havia de ser ouro derretido para valer a pena, que eu comprei antes de perceber que o preco dela equivalia ao preco de meus rins no mercado negro. Aí comecou meu sentimento esquisito de culpa exagerada. Me sentia mal por ter gastado tanto dinheiro numa cerveja tão absurdamente cara, o que era totalmente infundado, já que qualquer coisa que eu comprasse lá seguia a mesma regra.

Bem, depois do restaurante, passamos num supermercado para comprar muita bebida a precos mais decentes. Comprei um pouquinho mais de cerveja pra mim, mas ainda estava me sentindo absurdamente culpado por estar gastando dinheiro de novo depois de tanto desperdicio despropositado. Mas mesmo assim, comprei, e logo mais estavamos a caminho da casa do tal rotariano, de ônibus, o que significa que eu tive que deixar minha bicicleta lá nas tantas do centro sozinha e trancada. Só para todos conseguirem uma imagem melhor da situacão, éramos bem uns 20 intercâmbistas, quase todos de um país de língua inglesa, virtualmente todos rotarianos (com a minha excecão, é claro), e todos falantes de inglês fluente (mesmo os que como eu vinham da américa latina). Além disso, havia um dinamarquês que tinha sido intercâmbista no ano anterior.

Bem, seguindo com a história, naturalmente, nas tantas da casa do rotariano, colocamos toda aquela caralhada de bebida que todos compramos para funcionar. Minhas duas modestas cervejinhas foram embora rapidamente e sem fazer efeito demais, mas em presenca de tanta bebida em excesso, infelizmente não faltou gente precisando de uma mãozinha com suas bebidas, o que significou que eu fui muito muito além da pouca bebida que eu comprei. O que significa que logo mais eu estava o mais bêbado que já tive o "privilégio" de ficar, e isso não era tão pouco. Ainda longe de vomitar em baldes, mas já bem além do ponto onde eu comecava a falar merda em excesso. Agora, o problema com isso é que eu percebi que eu estava muito bêbado, e eu comecei a me sentir, junto com todas as minhas culpas prévias, ainda mais culpado por estar bêbado. Minha ira com minha própria beberronagem só me rendeu mais conversa de bêbado, o que me deixava ainda mais puto comigo mesmo, e me fazia ter uns ataques, que eu só posso imaginar e torcer que fossem cômicos, onde eu procurava desesperadamente e freneticamente achar minha sobriedade novamente. O meu invariável fracasso nessa tarefa só me deixava mais frustrado, mais culpado, e mais desesperado.

Notem que isso tudo foi relativamente cedo da noite, tendo que eu estava com meus ataques de desespero e culpa se encontravam já às 11 e meia da noite, o que pelo menos para mim parecia ser demasiadamente cedo, e ainda parece. E ainda sendo tão cedo da noite, com nossa bebida na casa acabando, os outros decidiram ir para uma boate e festar o resto da noite. Eu, contudo, nos meus ataques de culpa, não aguentava a idéia de ir pra uma boate: eu iria gastar mais dinheiro, talvez ficar mais bêbado e fazer todas as outras coisas que me fariam ficar cheio de culpa. O que não ajudou foi eu ter minha bicicleta largada nas tantas do centro: a casa do rotariano era perto o suficiente da minha para eu voltar andando, mas isso significaria que minha bicicleta ficaria largada no centro toda a noite, e isso na minha lógica bêbada significava que ela definitivamente seria roubada. Mesmo assim, meu medo de acabar indo para mais bebedeira e gasto de dinheiro, além de minha falta de vontade de pagar o ônibus (eu não estou brincando quando digo que estava me sentindo culpado em gastar dinheiro) me fizeram voltar de casa a pé, mesmo quando eu nem mesmo sabia o caminho até lá (bom, eu acabei achando, então deu certo. Meu censo de direcão como bebum até que é bastante confiável).

Como ainda era bastante cedo, chegando em casa eu descubro tanto o Frederick quanto o Ole acordados vendo tv. Batalhando duramente para esconder o fato de que eu estava bastante bêbado, possivelmente mas não garantidamente com sucesso (ainda vou descobrir se eles notaram), eu comprimento-os. Como não podia deixar de ser, o Ole comeca a me perguntar o que eu tinha feito, e evitando as partes onde eu bebia demais, eu contei a ele sobre minha bicicleta esquecida no centro, e sugeri meu plano de ir buscar ela, a pé, na mesma noite, que só pode ter soado meio bêbado pra ele, apesar de ser perfeitamente realizável. Em contrapartida a esse plano, ele sugere que nós fossemos ao centro com o carro e buscassemos a bicicleta assim. Reconhecendo o plano dele como melhor, o realizamos, conversando bastante na ida e na volta, o que me deixa incerto quanto a se ele sabia ou não que eu estava bêbado, pois foi uma conversa um tanto não-bêbada. Mas enfim, com tudo certo e ajeitado, vou-me finalmente pra cama, ainda absurdamente corroido por culpa e mais culpa.

E no dia seguinte, quem diria! Me sinto meio culpado de não ter ido festar! Uma das ironias mais imbecis e absurdas com qual já me deparei, além de completamente desprovida de sentido. E foi por isso que eu resolvi contar me saga de culpa bêbada no blog, mesmo não sendo o lugar mais esperto para fazê-lo, já que talvez faca mais sentido esconder de seus pais suas aventuras de beberronagem que contar tudo para eles com um nível de detalhamento bastante considerável. Espero que, ao ser um pouco sacaneado e ridicularizado pela história toda, possa superar minha culpa inexplicada. Além do que, sei que tem pelo menos um leitor que sempre reclamou que era o único que não tinha o privilégio de me ver bêbado, então imaginei que pelo menos um extenso conto do caso ele merecia, pra poder se satisfazer um pouco imaginando toda a situacão.

Bem, finalmente acabei. Mais postagens em breve. Possivelmente drasticamente mais curtas, porque eu ando escrevendo demais nessa porcaria de blog. Muito amor para todos!

Friday, January 12, 2007

[Imaginem que eu escrevi qualquer coisa sobre qualquer coisa antes de comecar com os capítulos aqui.]

Capítulo XXV: Ano Novo!

31 de Dezembro! A cidade inteira impregnada com todos os sentimentos mágicos de frescor, de limpeza, de vida nova, de recomeco e de "já-que-vamos-ficar-acordados-até-meia-noite,-vamos-nos-embebedar-pra-caralho", aquela expectativa especial pelo ano que viria (ou pelo menos a primeira madrugada dela)! Eu, naturalmente, me achava no melhor dos ânimos gracas a todos esses sentimentos, e portanto, pronto para curtir bastante a virada do ano em alto estilo. Assim, entrei de cara na primeira missão do dia: fazer caipirinha. O Ole, já cansado de esperar pela sua chance de tomar (quero dizer, provar) cachaca, sugeriu que servissemos o drink como boas-vindas aos convidados, servindo-o junto com castanhas de caju, amendoins, e outras dessas coisas que são salgadinhas e gostosas. Então, apenas uma hora antes dos convidados chegarem, comecamos a cortar, esmagar, sacudir, misturar e basicamente fazer qualquer tipo de lambanca que pode levar, no final das contas, à um drink. Infelizmente, erramos um pouquinho nas proporcões. Não, o erro não foi colocar cachaca demais: isso pelo menos poderia render um pouco de diversão extra pro negócio. Nossos dois pequenos erros juntos, infelizmente, criaram um combo que multiplicou a tenebrosa consequência. Nosses dois pequenos erros foram limão demais, e acucar de menos. Suponho que todos sejam capazes de deduzir a tenebrosa consequência de que estou falando, mas em caso que alguém não tenha entendido, vou dizer o que aconteceu, e de maneira um tanto vulgar, mas que certamente vai levar ao entendimento geral: ficou uma porra amarga pra caralho.

Mesmo assim, não ficou ruim o suficiente para superar os bons modos dos convidados, que beberam seus respectivos copos, o que é até um bom sinal. E eu mesmo não me importo com um pouquinho de amargo de vez em quando e até curti a minha dose. Mas falando nos convidados, estes eram tão somente uns amigos de Ole e Lone, junto com o filho deles, que apesar de ser da mesma idade que Simon, não é especialmente amigo dele, apesar de ser boa gente. Mas naturalmente, isto foi apenas no comeco: depois de ver a rainha desejar feliz natal e ano novo pra, basicamente, todo mundo que tenha o menor tipo de relacão com a Dinamarca (Gente!! Gente!! A Rainha me desejou feliz ano novo pela TV!! Que EMOCÃO!!!), por umas meia hora, e comer muita comida muito boa por mais meia hora, soltar um monte de fogos de artifício às 8 da noite (porque disseram nas notícias do tempo que provavelmente iria chover meia-noite [e de fato choveu]), nos aparecem Mie e o mesmo Daniel de dois dias antes, que só se chama Daniel se a memória não falha, pois o único aspecto dele que não me saiu da memória foi a não-sobriedade dele já tão cedo da noite, considerando que ainda haviamos de nos embebedar muito pela frente. Não que ele estivesse trôpego e doidão por completo, ele até mesmo foi capaz de passar discretamente por Ole e Lone sem chamar atencão, mas isto não vem ao ponto.

O que vem ao ponto é que, com a chegada deles, depois de uma pequena jogagem de Bob no quarto do Simon, logo mais estavamos saindo da casa. Mas não para ir para a bombacão generalizada, nada disso. Estavamos indo para a casa da Mie, que é aparentemente também do Daniel, o que significa que eles são irmãos. Ou isso ou ele só tava tão bebado que não conseguiu reconhecer sua casa e introduziu a casa da Mie como sendo sua, ainda não tenho certeza. Enfim, o motivo pelo qual iamos para a casa da Mie é que, apesar de já termos comido uma penca de comida, poderíamos ganhar sobremesa extra lá, já que os pais da Mie tinham seus próprios convidados e, assim sendo, tinham sua própria sobremesa, da qual nós pouco discretamente surrupiamos uma porcão. Okei, na verdade eles simplesmente nos ofereceram um pouco, mas que seja, ainda assim surrupiamos.

Enfim, depois de um pouco mais de relaxamento no porão da Mie, com cervejinha e pessoas levemente embriagadas tocando guitarra, eu e Simon voltamos para casa, onde passamos um pouco mais de tempo com nossos convidados, até a contagem regressiva quando, depois de pular do sofá na virada do ano, que aparentemente simboliza uma dramática e vitoriosa entrada no ano ou qualquer coisa assim, e beber um pouco de champanhe, voltamos novamente para a casa da Mie, caminhando pela cidade rodeados por montes de luzes e estouros e chuva, desejando feliz ano novo para tudo e todos que cruzavam nosso caminho ("Olha, um cara aleatório! Feliz ano novo! Olha, um grupo de loirinhas! Feliz ano novo babies! Olha, um cachorro! FELIZ ANO NOVO CACHORRO!!").

Quando enfim chegamos até a Mie, foi apenas uma questão de esperar dois minutinhos pelo táxi que tinhamos pedido para ir até a festa (já que ninguém, por um motivo ou outro, queria pedalar 6 km na chuva, vai entender), e partir para a bombacão! Dessa vez, a séria, e quando eu digo séria, é sério! Ou melhor, não é sério, porque não foi uma bombacão séria, muito pelo contrário, ela foi incrivelmente descontraída, alegre, dancante e cheia de álcool. Tudo isso gracas a Sebastian, um dos amigos muito gente boa do Simon que eu conhecia de antes, e que ofereceu sua casa nos cantos mais distantes da cidadezinha que fica nos cantos mais distantes de Odense, e portanto permitiu que um monte de gente bonita e transada se reunisse para muita azaracão e pegacão, e gente bêbada vomitando em baldes, que enquanto não tão interessantes quanto a gente bonita e transada, também é uma parte importante da festa.

Depois de muita muita danca, muita muita alopragem, muita muita azaracão, estava eu exausto e pronto para dormir até não poder mais ou o dia do juízo final, o que viesse antes. Descobrindo o plano de Mie e Frederick de pegar um táxi de volta para casa, e dada a proximidade de todas nossas casas, entrei no esquema, e depois de umas ou outras ligacões frustradas com companhias de táxi que já estavam demasiadamente ocupadas, arranjamos um táxi e nos mandamos. A essa altura Simon já estava no quadragésimo nono sono (aquele causado por ingestão indevidamente excessiva de álcool), então deixamos ele jogado lá mesmo, e fomos. Assim, às 6 e lá vai pedrada da manhã, numa escuridão notável, chego em casa e me deito em minha cama, de onde ninguém seria capaz de me tirar pelas próximas tantas horas.

Capítulo XXVI: Este Aqui É o Título.

Vou escrever qualquer coisa aqui depois, agora, não quero mais. Mas eu estou devendo prêmios imaginários para o Gustavo, o Recifão e o bom e velho Primo Régisnaldo, e para mim mesmo também, porque todas essas pessoas escreveram quanto era metade de meia terca parte de um quarto de aula (ou seja: 1/48). Vejamos: o Gustavo ganha uma poké-bola, com a qual se defender quando ele for pro Japão de novo. O Recife ganha um set especial de Dominó, que na verdade é a chave para o templo místico de Xthak' Gnaoup onde a Espada das Mil Verdades está escondida. O Régis... ele ganha um par de calcas decentes, porque não? Melhor ainda: um par de calcas decentes, de minha marca imaginária de calcas, que por meridade do acaso se chama Decente. E eu, eu ganho um par de óculos no estilo Grouxo Marx que brilham no escuro. Ta-dá!

Antes de terminar, só gostaria de fazer uma pergunta, que para mim tem uma relevância enorme, o portanto usarei até mesmo cores para fazê-la, então quero respostas: como assim aqui não usam roupa branca na virada do ano?!?!

Tuesday, January 02, 2007

First and foremost: Feliz 2007 galerinha de do mal (e de do bem também)! E Feliz Natal atrasado!
Muitos eventos bacanas e tradicionais acontecendo por aqui, com bastante diversão pra todo lado, então vamos aos relatos.

Capítulo XXII: Bom comeco.

Ainda não me decidi se a carga horária das escolas na Dinamarca são mais ou menos pesadas do que no Brasil. É uma coisa difícil de dizer, já que afinal, por mais que as férias de fim de ano daqui sejam apenas duas semanas, o que é muito menos que o um ou dois meses que os brasileiros normalmente ganham, aqui eles tem férias de outono e de primavera, cada qual com ao redor de uma semana e meia de duracão. Já passei uma quantidade considerável de tempo ponderando acerca do assunto, tentando generalizar o costume brasileiro para poder comparar com o que eu consegui notar do costume dinamarquês para fazer um paralelo minimamente verídico. Ainda não cheguei à uma conclusão satisfatória, e não fiz isto, pela maior parte, porque estou de fato de férias, e portanto a árdua tarefa de fazer paralelos entre países se tornou muito exigente para o minha mente em repouso.

Tudo o que pretendo com toda essa conversa sobre férias é lembrar o clima que se instala em uma escola durante a semana anterior as férias: antecipacão e inquietude geral, com várias mencões ao fato de que já não era sem tempo que as férias chegavam, e que ninguém aguentava mais o período de aulas, e assim em diante. Imagino que, para aqueles que tem acompanhado todas as aventuras anteriores, não seja tão surpreendente ouvir que muitas pessoas esperavam com ansiedade não só o dia seguinte ao último dia de aulas, mas o penúltimo dia de aulas também. Claro, que de acordo com o costume brasileiro, o penúltimo dia de aulas é um dos piores do ano inteiro: afinal de contas, ele é tão chato quanto todos os outros, exceto que ele parece (melhor dizendo, de fato é) três vezes maior que os outros por causa da ansiedade geral. Bem, não no bom e velho sistema escolar dinamarquês! Mais uma vez podemos contar com ele para transformar algo normalmente chato em... sim! Vocês adivinharam! Beberronagem de cervas e bombacão!

Okei, estou sendo um pouco injusto com as escolas dinamarquesas. Não isto não foi no penúltimo DIA de aulas, mas sim na penúltima NOITE, o que significa que durante o dia a escola funcionou em sua normalidade e sacalidade. Ainda sim, a promessa de festanca à noite altera por completo o clima do comeco das férias. Em especial porque, com a eminência da festa a noite, o pessoal já combina muita a coisa durante o dia, em especial os tradicionais forfests! No meu caso em específico, o dia seria um tanto corrido, já que minha boa e velha (na verdade jovem, mas enfim) conselheira do AFS combinou um encontro no centro, simplesmente pra conversar um pouco sobre qualquer coisa mesmo. Pra tornar a alegria toda, chamamos também a brasileira que mora perto de mim, seguindo o velho ditado "the more, the merrier". Nos encontramos lá nas tantas da "rodô" de Odense (vocês não iam acreditar quão semelhantes Brasília e Odense são), e depois descemos para comer umas pizzas (no melhor estilo "barato-e-bom-pra-cacimbas") e falar sobre natal, férias e janelas que não existem.

Antes de tarde, eu e a Katrine (a "conselheira") estamos fazendo o caminho de volta para casa, e sem tempo de respirar, me despido dela, vou pra casa e me arrumo às pressas, pois já está em cima da hora de ir para o que eu vou dar o nome de "Mini-Forfest: Herre-Version". Compreendamos que esse forfest tem um nome especial por que não seguiu a fórmula dos forfests anteriores. Para comecar, nada de ser no porão oficial de forfests da minha sala. Dessa vez, vamos para o quarto do companheiro do metal que, para mim, tem um dos nomes mais legais que existem: Troels. Continuando, nada de ser um forfest para a turma inteira, este era um tanto mais exclusivo. Os convidados para este forfest eram apenas e tão somente, todos os poucos homens de nossa classe. O que significou que, invariavelmente, metade das pessoas que iriam para o forfest chegaram incrivelmente atrasadas: um terco delas chegou apenas 5 minutos antes de sairmos para a festa (uma boa citacão traduzida: "Ah! Bem-vindos! Agora que vocês chegaram, vocês tem 5 minutos para beber suas 8 garrafas de cerva. Tin-tin!"). Mas enfim, tivemos nosso breve, divertido e incrívelmente aconchegante (não existe nada mais aconchegante que assistir um dvd de lareira!) forfest, e fomos à bombanca.

A festa foi só o clássico do Sct. Knuds: cantina como pista de danca, cerveja e drinks rolando soltos a precos razoáveis, mesas ao lado da pista de danca para quem já tinha dancado demais, e a simples diversão que provém de juntar estes elementos. O que foi notável foi o que aconteceu depois da festa. Na batida da 1 da manhã, a festa comecou a fechar, já que tudo precisava estar minimamente limpo de novo para o dia seguinte, o último dia de aulas. Mas, naturalmente ainda nos sentindo em alto espírito de festa, o pessoal de nossa sala saiu da festa em grupo e rumou, ao invés de cada um para sua casa, para o centro, no interesse de arranjar um ou outro lugar onde poderíamos relaxar juntos. A primeira escolha foi o McDonalds, mas para minha sorte ao menos, este já estava fechado, então fomos para, de novo, a pizzaria do estilo "barato-e-bom-pra-cacimba", e nos empanturramos enquanto conversavamos e curtíamos o que já considerávamos ser as férias. Ainda não satisfeitos, rodamos a cidade um pouco mais na esperanca de achar mais um lugar para relaxar, e depois de uma breve passagem num bar que estava prestes a fechar, uma das colegas veio com um plano deveras bom: a de irmos todos para um hotel, alugarmos um quarto para todos nós, e dormirmos todos juntos. Sem dúvida todos se lembram da alegre proporcão mocas/caras que minha sala tem, então naturalmente eu apoiei a idéia ao máximo, e recebendo a aprovacão de todos, fomos atrás de fazer o plano funcionar.

Infelizmente, não achamos sequer um hotel que estivesse aberto ou com vagas. Portanto, só vagamos um pouco mais inútilmente na cidade e finalmente desistimos e nos retiramos para nossas casas, um pouco desapontados com a falha deste último plano, mas definitivamente não desapontados com a noite como um todo.

Bom, seguindo o que nós aprendemos da lógica escandináva (se é que ela existe), podemos dizer que, se é assim que os dinamarqueses gostam de passar a penúltima noite de aulas, o último dia deve ser o ápice absoluto e indiscutível da festanca irreverente e ininterrupta, certo? Não exatamente. É verdade que o último dia de aulas não é dia de aulas porcaria nenhuma, já que ninguém viu nem metade de meia terceira parte de um quarto de aula (prêmio imaginário pra escrever quanto é essa fracão). Mas ainda sim, está longe de ser o ápice de qualquer tipo de festanca, fora talvez aquele de donas-de-casas inglesas acima da meia-idade. É, estamos falando de um passatempo um tanto mais ameno, que de tão ameno quase não se qualifica como passatempo: nosso último dia de aula foi Bingo! Não que os prêmios fossem ruins: o maior prêmio era 2.000 kroners, mais do que o suficiente para manter uma pessoa alimentada por semanas (ou apenas o necessário para comprar uma bota da moda em desconto, como queiram). O único problema com Bingo é que, bem... vamos colocar desse jeito: para um jogo cujo o próprio nome soa como uma onomatopéia pelo menos digna de uma pequenina dose de acão (ainda mais em dinamarquês, onde o jogo de chama "Bango"), você recebe muito menos emocão do que você gostaria.


Capítulo XXIII: Um Pouco Mais de Natal

Aqui temos mais um capítulo passível de se dividir em duas partes. Não tanto pelas proporcões dele, já que não se trata de nenhum monstro textual da literatura bloguística, mas tão somente pela dupla natureza dos eventos que tratam do natal. Comecando do comeco, temos a

Parte 1: Pré-Natal

Mais de uma vez, aqui na Dinamarca, me senti um tanto mais próximo do sentimento expresso em filmes americanos que tratam da vida em subúrbios, já que se trata de um estilo de vida que, apesar de já conhecido por mim no Brasil, é um tanto mais tangível aqui. Quando experimentando o natal, então, essa proximidade com o esteriótipo da vida suburbana se tornou tão grande que eu me senti como um enorme clichê. O que estou tentando explicar com toda essa conversa de subúrbios e tudo mais, meus amigos, é que eu fiz biscoitinhos com a vovó.

Sim, a minha família daqui tem a tradicão de juntar todos os netinhos (sejam eles biológicos ou não) na casa "vovó" para passar a noite fazendo biscoitos, sendo paparicados com quantidades perigosas de comida e doces e basicamente curtindo o espírito natalino que se encontrava. Levando em conta a idade dos netos mais novos, e a energia indomável pertencente a todas as criancas entre os 3 e os 10 anos, todos podemos concluir que, de maneira alguma, se tratou de uma noite calma e serena. Não ouve sequer um momento que a casa esteve em verdadeiro silêncio, fosse por causa das risadas e gritagens das criancas, fosse por causa das broncas dos adultos. No meio de toda essa confusão natalina, só me restou tomar um pouco dos dois lados, tanto dando uma ou outra bronca singela e leve nas criancas, ou dando um pouco de gás ao fogo brincando com elas, tentando aproveitar a simples diversão que deriva de uma noite sem preocupacões maiores que manter seu saco de doces fora do alcance de pequenos ladrõezinhos.

Parte 2: Natal Própriamente Dito

O primeiro costume tradicional do dia era, vejam só, ir para a igreja! E, como tradicão é tradicão, eu fui ver meu sermão protestante de natal, na lotada igrejinha local de Dalum (fiquei imaginando se a Igrejona de Sct. Knuds não tinha um servico todo enorme e bacana. Infelizmente Ole não soube me responder), já que se tratava do único dia do ano em que o típico dinamarquês resolve ir para igreja. Como já imaginava, um sermão protestante é tão chato e entendiante para mim quanto qualquer outro católico, já que eles são basicamente a mesma coisa, a única diferenca talvez sendo que na igreja protestante, se canta um pouco mais que na católica. Para minha sorte, já que a mulher sentada do meu lado cantava bem pra caralho, e pelo menos alguma coisa boa eu pude ouvir lá.

Enfim. Assim como é tradicão largar os pequenos aos cuidados da vovó alguns dias antes do natal, é também tradicão faze-lo de novo, mas também se largar de maneira similar na véspera de natal. Desta vez carregando uma quantidade estúpida de presentes na bagagem, fomos todos novamente para a casa da vovó. Ou melhor, todos, a princípio, menos Lone, que tinha que trabalhar até as 18:30 nesse dia, o que significou que por um bom tempo, só sentamos em prosa, em meio ao caos das criancas, esperando pela Lone para podermos comecar nossa um tanto rica e saborosa ceia de natal.

Claro, era um rica e saborosa ceia de natal dinamarquesa, então ela vinha acompanhada de uma penca de comidas tradicionais, incluindo um ris a l'almande (não sei se escrevi direito dessa vez, mas tá melhor do que antes: é um "arroz à amendoas" mesmo) roubado, já que todas as criancas ganhavam pratos especiais onde havia com certeza uma amendoa inteira para ganhar presentinho. Eu estava incluido entre as criancas, mas consegui falhar completamente na simples tarefa de não engolir a amendoa inteira que estava no meio. Mas como o negócio era roubado mesmo, ganhei presente do mesmo jeito: um fantástico casal de porquinhos feito de "marzipan" (alguém sabe o nome disso em português?) que eu simplesmente não tenho coragem de comer.

Depois de toda a comilanca, se levantando com um pouco de dificuldade da mesa por causa de toda a bagagem adicional em nossas barrigas, fizemos uma rodinha ao redor da árvore de natal e mandamos ver em mais uma tradicão: a de cantar e "dancar" ao redor da árvore, muito alegremente e desafinadamente, por um ou outro motivo que eu não descobri qual é. Quando finalmente ficamos com frio demais pra continuar a danca (apesar de ser do lado de dentro, a árvore de natal estava na parte mais fria da casa), voltamos para dentro para abrir a montanha de presentes que se empilhou ao lado da árvore. E de maneira um tanto "organizada" também: primeiro as criancinhas distribuiam os presentes, correndo de um lado pro outro e trombando mais de uma vez uma na outra, e mais de uma vez esquecendo de quem era o presente que elas estavam carregando. Quando finalmente todos tinham sua pequena pilha de presentes, todos os abriam em turnos, indo dos mais novos para os mais velhos, repentindo várias vezes o processo pois só se podia abrir um presente por vez, também por um ou outro motivo que eu desconheco.

Depois de muito papel rasgado, muitos elogios suspirados e muitos agradecimentos dados, todos tinham seus respectivos presentes e portanto, todas as tradicões estavam completas, o que dava espaco agora para todos nós relaxarmos e curtimos a noite como nos agradava, até os pequenos caírem em sono profundo depois de um dia inteiro de instalacão de caos, e todos nos retirarmos para nossas casas para dormir longamente.

Capítulo XXIV: Caracas, Já Tivemos Muitos Capítulos, Heim? (a.k.a. Eu Não Faco A Menor Idéia De Como Entitular Este Capítulo)

Apenas dois dias antes do ano novo, a boa e velha casa Lykke recebeu convidados para um último jantar a la espírito natalino, com a presenca marcante não só de Mie, assim como sua família, mas também de Frederick (um outro, além do meu irmão Frederick), sua família, e outro amigo dele também (Daniel, se a memória não falha), o que significou que juntamos toda a guarda jovem que estava na casa no quarto do Simon para relaxar e jogar "Bob" (não, não jogamos nenhum Bob para fora da janela nem nada assim, o jogo se chama Bob mesmo, e ele infelizmente não envolve defenestrar nenhum Bob [naturalmente, só estou adivinhando como se escreve o nome do Bob]).

Pouco depois da vitória minha e do Frederick sobre o Simon e a Mie, gracas aos dedos inquietos dos dinamarqueses que não param por um segundo sequer de se mandar mensagem pelo celular, um pequeno batalhão de jovens adentra o quarto de el Simon também, e apesar de nem sequer conhecer a maioria deles, ficamos lá todos de boa por um pouco mais de tempo. Isto é, o tempo de mais uma partida de Bob e um pouco de enrolacão, pois a tropa um pouco mais a tropa toda estava a caminho da casa do Frederick. Como qualquer outro bom desocupado que já pegou tudo o que precisava de sua própria casa (entenda-se o jantar), eu fui junto.

Lá, em princípio, só iamos ficar de boua, beber um tiquinho (sério mesmo, vou pesquisar pra ver se tem alguma lei que diz que você não pode sair de casa sem beber. Deve ter.), e ver um pedaco do clássico de Woody Alen "All you wanted to know about sex - *but were afraid to ask". Isto tudo é claro só em princípio, por que depois de um breve tempo dessas coisas, entramos num pequeno e "amistoso" jogo de poker.

Eu digo "amistoso" porque não estavamos apostando dinheiro de verdade, mas em presenca de jogadores tão ambiciosos, o clima estava tenso. No comeco do jogo, estava jogando de maneira um tanto discreta, sem ir atrás das apostas mais altas, e saindo do jogo com frequência antes mesmo de todas as cinco cartas da mesa serem dispostas. Naturalmente, se tratava tão somente de minha estratégia para observar meus oponentes, e preparar-me para meu incrível come-back. Estava jogando contra o mestre do jogo Frederick, Mie, o time atroz de Simon e uma tal Donica (eu adoro os nomes do pessoal aqui), e uma outra menina cujo nome não me vem no momento. Apesar de um time poderoso com uma cara de blefe excepcional, o time Simon-Donica sai do jogo rapidamente, sem mais recursos para apostar em nada. Vendo que o jogo estava realmente comecando a esquentar, comeco a mandar ver em apostas mais graúdas e, apesar de não estar liderando o jogo, estava com uma boa pilha de fichas comigo. É aí que nos aparecem mais convidados na casa, incluindo uma moca que iria alterar completamente o rumo do jogo.

Durante nosso jogo, pude observar que Mie, enquanto tinha um bom blefe, era um tanto previsivel e descuidada com seu blefe, apostando muito em mãos apenas razoáveis. Isto tudo mudou uma vez que a moca em questão, Marie, juntou forcas com Mie, num famoso e já comprovadamente time, que carregava o nome de "Tøsse Hold". Agora com sua companheira de blefe e de apostas, e com a combinacão malévola de dois intelectos tão avancados, eu me achava agora em presenca de uma oposicão digna. E portanto, parei de me segurar e mandei ver tudo nas cartas. A outra menina que eu me esqueci o nome logo saiu do jogo. Frederick tentou aguentar o quanto pode, mas logo mais tinha perdido quase todos os seus fundos para o Tøsse Hold. Sabendo que não poderia continuar no jogo por muito tempo, e incapaz de aceitar uma outra vitória das já convencidas mocas, eis que ele resolve me financiar, dando o pouco que restava de seu dinheiro para que eu pudesse limpar as mocas de todas as suas fichas.

Não posso dizer que foi fácil. Repetidas vezes elas arrajavam mãos excelentes, e o blefe combinado delas definitivamente não era fácil de ler. Mas no final das contas, minha habilidade no poker ia prevalecendo, eu de mão em mão eu ia ganhando tudo o que elas tinham. Quando elas já estavam perigosamente perto de não consiguirem mais pagar as apostas iniciais, resolvemos não fazermos mais nenhuma aposta pequena, e ir direto pro tudo ou nada. Depois de Frederick descer as primeiras três cartas da mesa, elas pareciam um tanto confiantes, e não hesitaram em apostar tudo o que elas ainda tinham. Assim sendo, só nos restou ver as outras duas. Mas infelizmente para elas, a quarta carta me trouxe tudo o que eu precisava. Elas mostraram o respeitável double pair que elas tinham, com um par de valetes como maiores cartas. Mas não me restou mais nada a dizer fora "Undskyld, piger", assim que mostrei o meu fabuloso Straight, que rendeu aplausos dos que acompanhavam o jogo.

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